O surto de zika no Brasil levou os cientistas a uma descoberta angustiante: quando uma mulher grávida é infectada, é possível que seu bebê possa nascer com microcefalia. Enquanto os pesquisadores trabalham para entender exatamente por que existe um vínculo entre o zika e a microcefalia, as autoridades ainda aconselham as mulheres grávidas em áreas com zika a tomar as precauções necessárias para evitar o vírus. Os resultados da infecção fetal podem ser imprevisíveis: algumas mulheres grávidas com zika dão à luz bebês saudáveis, mas atualmente não há como prever consistentemente o resultado. Agora, os profissionais médicos esperam entender melhor o fenômeno estudando gêmeos. Como o zika afeta os gêmeos? É possível que um bebê desenvolva defeitos congênitos enquanto o outro não, e a razão pela qual isso pode influenciar bastante as abordagens dos médicos para proteger os fetos.
A mãe Jaqueline Jessica Silva de Oliveira deu à luz gêmeos no Brasil depois de ter sido infectada pelo zika; Segundo a Reuters, a filha Laura tem microcefalia, enquanto o filho Lucas não. Os pesquisadores de São Paulo estão estudando cinco pares de gêmeos, incluindo o de Oliveira, para determinar o que torna um feto particularmente vulnerável ao zika. Os cientistas não esperam respostas imediatas sobre por que um gêmeo pode sofrer microcefalia enquanto o outro não, informou o The Cut; pode levar cerca de um ano para chegar a uma conclusão definitiva.
Por enquanto, os pesquisadores avançam principalmente uma das três hipóteses, de acordo com a Reuters. Os neurônios de um feto podem ser particularmente resistentes ao impacto da infecção. Pode haver uma predisposição genética que convida o zika a fazer as alterações necessárias para causar a microcefalia. Há também a possibilidade de que isso tenha mais a ver com a composição da placenta: gêmeos fraternos e idênticos podem ter placentas individuais no útero, informou The Cut, e um pode ser mais vulnerável que o outro.
Não está claro exatamente quantas mulheres grávidas infectadas com zika têm bebês com microcefalia; de acordo com a PBS NewsHour, dois estudos forneceram estimativas. Os cientistas que estudaram o surto na Polinésia Francesa (de 2013 a 2015) descobriram que cerca de um por cento dos bebês nascidos de mães que tiveram uma infecção pelo zika desenvolveram microcefalia. No Brasil, os cientistas descobriram que, dentro do grupo de mães que estudaram, apenas cerca de cinco por cento tiveram bebês com microcefalia ligada ao zika (embora 29 por cento dos bebês pareçam ter algum defeito congênito relacionado ao zika). Até que os cientistas possam determinar por que os fetos enfrentam desafios particularmente significativos à saúde após uma infecção pelo zika, a comunidade médica ainda aconselha as mulheres grávidas a se protegerem das picadas de mosquitos e outros métodos de transmissão da melhor maneira possível.
Ao trabalhar com pesquisadores, Oliveira e outras mães em uma situação semelhante podem ajudar os médicos a evitar que os bebês sofram a dor da microcefalia relacionada ao zika no futuro; "Os médicos querem estudá-los para que possam ver o que protegeu Lucas, caso isso ajude outras crianças", disse Oliveira à Reuters. Se os cientistas forem bem-sucedidos, eles poderão impedir o desenvolvimento de microcefalia nos fetos e garantir que as mulheres grávidas tenham muito menos a temer após uma infecção pelo zika.