O presidente Donald Trump foi criticado por pedir à filha Ivanka Trump que o substitua durante uma reunião de líderes mundiais na cúpula do G20 na Alemanha neste sábado, onde foi fotografada sentada entre a primeira-ministra britânica Theresa May e o presidente chinês Xi Jingping depois que o pai saiu para outras reuniões. Críticos argumentaram que a decisão violou o protocolo e levantaram sérias preocupações sobre o nepotismo, mas quando Trump tentou explicar Ivanka para ele no G20 em um tweet na manhã de segunda-feira, ele inexplicavelmente escolheu defender suas ações fazendo uma piada sobre Chelsea Clinton. Mas, felizmente, Clinton teve a resposta perfeita.
De acordo com The Hill, Trump respondeu à reação, argumentando que sua decisão de ter Ivanka, um conselheiro não remunerado do presidente, brevemente ocupava seu lugar na reunião era "muito padrão" e que a chanceler alemã Angela Merkel - a quem o presidente se referiu para como "Angela M" - concordou com ele. E isso parecia mais ou menos o caso: de acordo com a Reuters, Merkel disse no domingo que, em última análise, cabia às "próprias delegações" determinar quem preencheria um líder e que Ivanka fazia parte, por definição, do Delegação dos Estados Unidos.
Infelizmente, Trump não parou por aí. Em um tweet de acompanhamento, o presidente não pôde deixar de dar um soco em sua antiga rival política, ex-Secretária de Estado Hillary Clinton, e escreveu: "Se Chelsea Clinton fosse convidada a ocupar o lugar de sua mãe, como sua mãe deu nosso país, o Fake News dizia CHELSEA FOR PRES!"
Embora o tweet de Trump sobre Chelsea Clinton seja, na melhor das hipóteses, totalmente desnecessário (e, na pior, completamente desnecessário), Clinton não hesitou em revidar. A ex-primeira filha retweetou a mensagem do presidente e escreveu: "Bom dia, senhor presidente. Nunca teria ocorrido a minha mãe ou meu pai me perguntar. Você estava denunciando nosso país? Esperando que não".
Embora Trump possa não ter pensado que havia algo errado em dar seu lugar a Ivanka, as opiniões sobre o assunto foram variadas. O ex-embaixador da OTAN Nicholas Burns disse ao Washington Post, por exemplo, que se o presidente precisar sair, o secretário de Estado deverá ocupar seu lugar, observando que "a autoridade não é conferida aos membros da família por causa da posição do presidente".
Outros foram menos diplomáticos em suas avaliações. De acordo com o The Independent, a congressista democrata Maxine Waters disse à MSNBC que "não faz sentido" fazer Ivanka tomar o lugar do presidente "em uma reunião muito importante da qual ela não sabe nada", enquanto uma autoridade europeia não identificada presente no G20 também estava citado pelo The Washington Post, dizendo que a situação "cheira a um tipo de nepotismo não visto desde que John F. Kennedy nomeou Robert F. Kennedy como procurador-geral".
A presença de Ivanka, na verdade, não se limitava a simplesmente sentar-se na cadeira do pai, no entanto. De acordo com a Reuters, Ivanka também ajudou a lançar um programa de empréstimos público-privado com o Banco Mundial, destinado a apoiar mulheres empresárias em países em desenvolvimento - e foi algo que Trump não se esquivou de elogiar publicamente sua filha na frente dos líderes do Banco Mundial. Segundo a Reuters, o presidente chamou Ivanka de "campeã" e disse: "se ela não fosse minha filha, seria muito mais fácil para ela".
É claro que, se ela não fosse filha de Trump, Ivanka provavelmente não estaria presente na reunião do G20 - nem seu marido, Jared Kushner, que atualmente atua como consultor sênior da Casa Branca. Segundo o Washington Post, o casal se juntou a Trump em uma reunião com Merkel na quinta-feira, e no dia seguinte Kushner também participou de uma reunião com o presidente mexicano Enrique Peña Nieto.
Independentemente da controvérsia em torno do envolvimento de Ivanka no G20, o fato de Trump ter optado por cavar Clinton como uma maneira de explicar sua decisão parecia pouco mais que uma má técnica de desvio. Se o presidente se sentiu justificado em pedir à filha que o substituísse, então havia pouca necessidade de acompanhar seu tweet crítico de Clinton. Mas o fato de ele ter feito isso de qualquer maneira fez parecer mais um comentário mesquinho, que significava fazer pouco mais que irritar a já profunda divisão política existente entre os eleitores de todo o país.